DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO
Os dicionários bíblicos assim definem o dízimo: A décima parte, tanto das
colheitas como dos animais, que os israelitas ofereciam a Deus (Levíticos
27.30-32 e Hebreus 7.1-10). O dízimo era usado para o sustento dos levitas
(Números 18.21-2), dos estrangeiros, dos órfãos e das viúvas (Deuteronômio
14.29).
Para iniciar o nosso estudo bíblico, já conhecemos que mesmo na vigência da Lei
de Moisés, dízimo não era dinheiro (Deuteronômio 14.22-27), mas dez por cento
das colheitas de grãos e de animais, e eram destinados à suprir os Levitas que
não tinham parte e nem herança na terra prometida.
No Novo Testamento o dízimo foi citado três vezes, vamos conhecer o porquê e em
quais circunstâncias a Palavra se refere a essa ordenança da Lei.
A primeira vez que o dízimo foi citado no Novo Testamento (Mateus 23.23), Jesus
censurou os escribas e fariseus, dizendo-lhes: Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas! Que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais
o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé. Deveis, porém,
fazer estas coisas e não omitir aquelas.
Por isso, quando anunciamos que o dízimo é abolido no tempo da graça, os seus
patronos e beneficiários imediatamente bradam por Mateus 23.23, e muitos, por
não vislumbrar a divisão existente na Palavra entre o Antigo Testamento (feito
por leis, cerimônias e rituais) e o Novo Testamento (da graça), ainda
trazem nos lombos o pesado fardo da lei, mesmo depois da revogação do
precedente mandamento, por causa da sua fraqueza e inutilidade (pois a lei,
nenhuma coisa aperfeiçoou), sendo introduzida uma melhor esperança, pela qual
chegamos a Deus (Hebreus 7.18 e 19), pela aspersão do sangue de Cristo na cruz
do Calvário, o qual veio justamente para libertar o homem do jugo da lei, mas o
seu sacrifício continua sendo rejeitado.
Então vamos buscar discernimento espiritual na Palavra, para
entendermos o porquê, naquela ocasião Jesus recomendou a manutenção dessa
ordenança da lei, dizendo: Deveis, porém, fazer estas coisas e
não omitir aquelas.
Assim afirmou Jesus, porque era um judeu, nascido sob a lei
(Gálatas 4.4), e viveu na tutela da lei.
Reconhecendo-a, disse dessa forma,
pela responsabilidade de cumprir a lei. E para isso, em Mateus 5.17 e 18,
Ele disse: Não cuideis que vim abolir a lei e os profetas, mas vim para
cumpri-la, e, nem um jota ou til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.
Jesus assegurou que a lei deveria ser cumprida, mesmo no
decorrer do seu ministério, porque qualquer que se violasse a lei, seria
apedrejado até a morte. E nesse caso, Ele não iria cumprir a sua missão aqui na
terra para libertar o homem que estava morto na maldição do pecado.
E verdadeiramente Jesus cumpriu a lei. Foi
circuncidado aos oito dias, foi apresentado na sinagoga (Lucas 2. 21-24),
assumiu o seu sacerdócio aos trinta anos (Lucas 3.23, Números 4.43, 47),
e exerceu outras formalidades cerimoniais da lei.
Observe também, que Jesus curou o leproso (Mateus 8.1-4) e
depois o mandou apresentar ao Sacerdote a oferta que Moisés ordenou no capítulo
14 de Levítico. E hoje, alguém oferece ao sacerdote alguma oferta após a graça
da libertação das enfermidades?
Porque a Nova Aliança não teve princípio no nascimento
de Jesus, mas na Sua morte (Gálatas 3.22-25 e 4.4, 5), para tanto,
Cristo, ao render o seu espírito a Deus (Mateus 27.50,51), o véu do templo
rasgou-se de alto a baixo, então passamos a viver pela graça do
Senhor Jesus, encerrando-se ali, toda ordenança da lei de Moisés,
sendo introduzido o Novo Testamento, o Evangelho da salvação pelo triunfo
do Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário.
O que precisamos entender de vez por todas, que Cristo não
veio a ensinar os judeus a viverem bem a Velha Aliança,Ele disse: Um
novo mandamento vos dou (João 13.34), e, se a justiça provem da
lei, segue-se que Cristo morreu em vão (Gálatas 2.21). E em Mateus 5.20,
disse Jesus: Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e
fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.
Considere que o Senhor Jesus Cristo mandou justamente os
escribas e fariseus (os quais o Senhor sempre os tratou por hipócritas,
falsos) que cumprissem a lei de Moisés, que ordenava o dízimo. Nós
porém, para herdarmos o reino do Céu, não podemos de forma alguma
voltar no ritual da lei Mosaica como faziam os escribas e fariseus, mas
precisamos exceder essa lei, ainda que abolida. O amor, a graça e a paz do
Senhor Jesus excede a lei e todo entendimento humano.
A Segunda vez que o Senhor Jesus referiu-se ao dízimo, foi na Parábola do
Fariseu e do Publicano (Lucas 18.9-14), e outra vez Jesus censurou os
dizimistas. Tomou como exemplo um religioso, dizimista fiel, o qual
jejuava duas vezes por semana, porém, exaltava a si mesmo e
humilhava um pecador que suplicava a misericórdia do Senhor.
É interessante observar que os fariseus continuam se
exaltando e da mesma forma, batem no peito e dizem: Eu sou dizimista fiel.
Mas nesta narrativa alegórica, o Senhor Jesus Cristo exemplificou
que no Evangelho não há galardão para os dizimistas, ao contrário, Jesus sempre censurou.
A ABOLIÇÃO DOS DÍZIMOS
Hebreus 7.5: E os que dentre os filhos de Levi
receberam o sacerdócio tem ordem, segundo a lei, de tomar os dízimos do
povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão.
Medite, a palavra afirma que Moisés deu uma lei ao seu povo, direcionada aos
filhos de Levi, especificamente aos que receberam sacerdócio para trabalhar nas
tendas das congregações, os quais tinham ordem, segundo a lei de
receber os dízimos dos seus irmãos. Agora note o relato do versículo 11e 12:
Hebreus 7.11: De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio Levítico
(porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade se havia logo de que
outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque (referindo-se
a Jesus Cristo) e não fosse chamado segundo a ordem de Arão? (menção a
Moisés, o qual introduziu a lei ao povo).
Hebreus 7.12: Porque mudando-se o sacerdócio,
necessariamente se faz também mudança na lei.
Meditando no texto acima, especificamente nestes versículos, onde a palavra do
Senhor assegura que os sacerdotes Levíticos recebiam os dízimos segundo
a lei (Hebreus 7.5), Porque através deles (sacerdotes Levíticos) o povo recebeu
a lei (Hebreus 7.11) e mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também,
mudança na lei (Hebreus 7.12), porque se a perfeição fosse pelo sacerdócio
Levítico (pelo qual o povo recebeu a lei), qual a necessidade do Senhor Deus
enviar outro Sacerdote? A palavra não deixa sombra de dúvida que não só o dízimo,
mas toda a lei de Moisés foi por Cristo abolida.Mudou o Sacerdócio,
necessariamente se faz mudança na Lei.
E, se voltarmos na lei que fora direcionada especificamente
aos filhos de Levi, aos que receberam o sacerdócio do Senhor Deus e,
se aplicada aos crentes hoje, ela torna-se intempestiva e ilegítima, porque os
“pastores” de hoje não são sacerdotes levitas. E Jesus afirmou que a lei e os
profetas duraram até João (Lucas 16.16), e mudando-se o sacerdócio, necessariamente
se faz mudança na lei (Hebreus 7.12).
Portanto amados, apenas esses três versículos (5, 11,12) do
capítulo 7 da carta aos Hebreus, seriam suficientes para entendermos a abolição
de toda lei, e não falarmos mais em obras mortas, como o dízimo no
tempo da Graça do Senhor Jesus.
Outra particularidade, no capítulo 18 do livro de Números, o
Senhor Deus adverte aos sacerdotes levitas dizendo: Na sua terra, possessão
nenhuma terás, e no meio deles nenhuma parte possuirás; eu sou a tua
parte e a tua herança no meio dos filhos de Israel.
Gostaríamos de recomendar aos pregadores contemporâneos (os
que querem se assemelhar aos sacerdotes levitas), seria bom que guardassem os
mandamentos do Senhor para aquela tribo, os quais não possuíam bens materiais,
pois o Senhor era a herança dos sacerdotes levitas.
AS OFERTAS NO NOVO TESTAMENTO
E, falando pela Palavra, semelhantemente aos dízimos, não é licito os
dirigentes das igrejas denominacionais receberem ofertas (dinheiro ou
bens materiais) dos seus fieis, visto que no Novo Testamento não há fundamento
para essa prática, pois, as ofertas citadas na Lei de Moisés não eram
doações de bens materiais, mas sim oferendas de animais, cereais ou bebidas,
entregues a Deus como parte do culto de adoração. No livro de Levítico, do
capítulo 1 a 7, está especificado cinco tipos principais de ofertas e
sacrifícios:
1)
Holocausto, em que o animal era completamente queimado no altar Levíticos
(1.1-17 e 6.8-13).
2) Oferta
de manjares, isto é, de cereais (Levíticos 2.1-16 e 6.14-23).
3)
Sacrifício pacífico ou de paz (Levíticos 3.1-17; 7.11-21).
4) Oferta
pelo pecado, isto é, para tirar pecados (Levíticos 4.1-5.13; 6.24-30).
5) Oferta pela culpa, isto é, para tirar a culpa (Levíticos 5.14-6.7; 7.1-7).
Das ofertas de paz havia três tipos: por gratidão a Deus (Levíticos 7.12), para
pagar voto ou promessa (Levíticos 7.16) e a voluntária, que era trazida de
livre e espontânea vontade (Levíticos 7.16).
Além dessas, havia também a libação, tipo de oferta em que se
derramava vinho (Levítico 23.13), e também a OFERTA ALÇADA sobre a qual,
vamos meditar no texto abaixo.
Mas, os sacrifícios do A.T. eram provisórios (Hebreus 10.4) e
apontavam para o Cordeiro de Deus (João 1.29 e Hebreus 9.9-15), cujo sangue,
pela sua morte na cruz, nos limpa de todo pecado (I João 1.7).
OFERTA ALÇADA NO EVANGELHO
Ainda que os esclarecimentos sejam bem detalhados, sabemos que haverá apologia
sustentada na oferta da viúva pobre (Lucas 21.1-4), ocasião em Jesus
observava os ricos lançarem as suas ofertas na arca do tesouro; e também uma
pobre viúva que lançava ali duas pequenas moedas; então, disse Jesus: Em
verdade vos digo que lançou mais do que todos, esta pobre viúva, porque todos
aqueles deram como ofertas de Deus do que lhes sobeja; mas esta, da sua
pobreza, deu todo o sustento que tinha.
Exatamente como o dízimo de Mateus 23.23, todas as vezes que a Palavra cita “OFERTA”
no Novo Testamento, assim como a oferta da viúva pobre, todos esses
episódios sobrevieram na vigência da lei de Moisés, mas aqui há uma
palavra revelada. Vamos meditar no Antigo Testamento sobre os dízimos e
ofertas alçadas, para discernimento espiritual da Palavra:
No livro de Números 18.20-28, disse o Senhor a Arão: Na sua terra
possessão nenhuma terás, e no meio deles nenhuma parte terás; eu sou a tua
parte e a tua herança no meio dos filhos de Israel.
E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em
Israel por herança, pelo seu ministério que exercem, o ministério da tenda da
congregação. Os levitas administrarão o ministério da tenda da congregação e
eles levarão sobre si a sua iniquidade; e no meio dos filhos de Israel nenhuma
herança herdarão.
E falarás aos levitas e dir-lhes-ás: Quando receberdes os
dízimos dos filhos de Israel, que eu deles vos tenho dado em vossa herança, deles oferecereis
uma oferta alçada ao Senhor: O dízimo dos dízimos.
E para concluir, no livro de Deuteronômio 14.29 diz: Então
virá o levita (pois nem parte nem herança têm contigo), e o estrangeiro, e o
órfão, e a viúva que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão;
para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra das tuas mãos que fizeres.
Observe que o dízimo é direcionado para suprir as
necessidades dos levitas, porque não possuíam parte e nem herança entre os
judeus, e também designado com a finalidade de caridade aos estrangeiros,
órfãos e as viúvas.
Notem também, que no início deste tópico, Jesus observava
os ricos lançarem as suas ofertas alçadas na arca do tesouro, mas
as sobras, enquanto que a pobre viúva, lançou ali, o seu sustento.
Aqui está a Palavra revelada: Os ricos lançavam ofertas das sobras,
para se exaltarem e humilhar aos pobres que ali depositavam pequenas quantias.
Porem, em conformidade com a lei (Números 18.11-32), os ricos não podiam
participar desse cerimonial, porque ali estava sendo exercida a oferta
alçada, ou seja o dízimo dos dízimos.
E somente os filhos de Levi, recebiam o dízimo, portanto a oferta
alçada só poderia ser praticada pelos levitas que não possuíam parte nem
herança na terra prometida (Números 18.20-28), e pelos necessitados que também
se beneficiavam do dízimo, por isso, Jesus exaltou o ato de fé daquela pobre
viúva, que ofertou o seu sustento, doando o que havia recebido para a sua
manutenção cotidiana.
A oferta alçada é a única oferta em dinheiro relatada
na bíblia, tanto que a viúva pobre doou duas moedas do seu sustento. Porém, não
poderá voltar a ser praticada no tempo da graça, porque era o dízimo dos
dízimos, das quais recebiam somente os que não possuíam parte nem herança no
meio dos judeus, e também os despojados de bens materiais. Portanto, aquela
irmã estava dizimando, em forma de oferta alçada.
Neemias 10.37-39, relata que as ofertas alçadas eram
oferecidas também através das primícias dos frutos das árvores, dos grãos, do
mosto, e do azeite, aos sacerdotes, às câmaras da Casa do nosso Deus. E quando
os levitas recebessem os dízimos, trariam os dízimos dos dízimos (ofertas
alçadas) à Casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro.
Uma pausa para meditação: No livro de Malaquias 3.8, o Senhor
alerta: Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que
te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas.
A Palavra é profunda, mas observe: Quem tinha ordem segundo
a lei de receber os dízimos e ofertas alçadas, senão os sacerdotes
levitas? (hoje representados pelos líderes das igrejas denominacionais). Os
roubadores que a Palavra está se referindo, não são os que deixam de doar,
mas justamente os que recebem os dízimos e as ofertas alçadas. Medite e
tire a sua própria conclusão.
Outra referência bíblica muito usada pelos pregadores, para
pedir dinheiro, está na segunda carta aos Coríntios 9.6-8, assim descrito:
O que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em
abundância em abundância também ceifará. Cada um contribua segundo propôs no
seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com
alegria.
Mas esta citação não é uma ordenança para se tomar ofertas
para a obra do Senhor, este texto é uma referência sobre o amor ao próximo, em
forma de caridade, citados em todos os livros do Novo Testamento.
E para não pairar dúvidas que a ordenança é sobre a
caridade, se continuarmos a leitura, no versículo seguinte (9) do mesmo
capítulo, está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça
permanece para sempre.
Observou o que o Senhor mandou semear com alegria? E se
fosse como os pregadores citam, para tomar dinheiro dos fieis, a palavra seria
contraditória, porque na Nova Aliança, não há sequer um versículo, admitindo a
prática para ofertas, seja em dinheiro ou quaisquer outros bens materiais. E os
que praticam de forma diferente do que está escrito, estão adulterando a
Palavra do Senhor.
Porque hoje vivemos o tempo da graça do Senhor
Jesus e qualquer esforço para voltar a lei de Moisés que Cristo desfez na cruz,
é anular o sacrifício do Cordeiro de Deus e reconstruir o muro da separação,
por Ele derrubado (Efésios 2.13-15).
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