A palavra corrupção tem a sua origem na teologia, essa
expressão foi criada Agostinho de Hipona no ano de 416 (um dos pais da Igreja
Latina), numa troca de cartas com Jerônimo, a tradição cristã dizia que o ser
humano vive numa situação de corrupção. Agostinho explica a epistemologia da
palavra: corrupção é ter um coração (cor) rompido (ruptus) e pervertido. Ele
cita Gênesis 8.21 que diz: “A tendência do coração é desviante desde a mais
tenra idade”. O grande filosofo Kant fez a mesma constatação ao afirmar: ‘
somos um lenho torto do qual não se podem tirar tabuas retas.” Em outras
palavras: que há uma força que nos inclinam e incita ao desvio que é a
corrupção. Isto é fruto do pecado, e da falta consciência cristã.
Somos herdeiros da desastrosa herança colonial e escravocrata que marcou
profundamente os nossos hábitos. A colonização e escravatura são meios
objetivamente injustos e violentos. Sem contar que muitos dos estrangeiros que
vieram como imigrantes para o Brasil eram: ladrões e prostitutas e mendigos.
Muitas pessoas para sobreviverem e guardarem a mínima liberdade eram levados a
corromper. Quer dizer: subornar, conseguir favores mediante troca. Nepotismo ou
peculato (favorecimento ilícito com dinheiro público). Esse conjunto de
práticas deu origem ao chamado jeitinho brasileiro, que é característica de uma
sociedade desigual e injusta, é a famosa lei de “Gerson”, que é tirar vantagem
pessoal de tudo.
Segundo a transparência Internacional, o Brasil é considerado como um dos
países mais corruptos do mundo. Sobre 91 analisados, que ocupa o 69.° lugar. A
corrupção foi historicamente naturalizada, considerada como algo natural, é só
atacada posteriormente quando já ocorreu e já tiver atingido muitos bilhões de
reais. Os dados são estarrecedores, segundo a FIESP, 84 bilhões de reais são
desviados dos cofres, se esse montante fosse aplicado na saúde, subiria de 89%
o número de leitos nos hospitais; se fossem na educação, poder-se-iam abrir 16
milhões de novas vagas nas escolas; na construção civil, poder-se-iam construir
1,5 milhões de casas populares.
Estes dados denunciam a gravidade e as conseqüências da corrupção contra a
sociedade. Se vivessem na China muitos corruptos seriam levados para morrer na
forca por crime contra a economia popular. Todos os dias, mais e mais fatos são
denunciados, como agora do Carlinhos Cachoeira para garantir os seus negócios
corrompeu muita gente da espera política, policial e até governamental. Em 1994
Roberto Pompeu de Toledo escreveu na Revista Veja a seguinte afirmação: “Hoje
sabemos que a corrupção faz parte de nosso sistema de poder tanto quanto o
arroz com feijão de nossas refeições.” Para muitos brasileiros os corruptos são
vistos como espertos e não como criminosos.
As elites e os políticos brasileiros tratam as coisas púbicas como de fossem
suas e organizam o Estado com leis que servem aos seus interesses individuais,
sem se importar com o bem comum, mas nos sabemos que é um bem de todos. A
sociedade dita regras e costumes culturalmente reconhecidos. Na Igreja esta
realidade não é muito diferente, pois temos visto na atualidade cristãos,
pastores e lideres usam de uma forma irresponsável o dinheiro que é destinado a
Obra de Deus. Lideres cristãos querendo entra no estrangeiro com dólares dentro
da Bíblia, para não declarar essa dinheiro.
É triste ver no nosso cenário nacional cristão que se envolvem nesse lamaçal de
mentira, desvio e lavagem de dinheiro público e propina, escandalizando a
Igreja do Deus Vivo. Já vimos na mídia parlamentares evangélicos orando por
propinas, tudo isso é o reflexo de cristãos longes do compromisso com as coisas
do Reino de Deus. Muitos usam em beneficio próprio e não para a evangelização,
construção de templos e de trabalhos sociais. Alguns lideres da atualidade vão
para a TV, rádio e para os meios de comunicação em geral para pedirem dinheiro
para a manutenção e criação de emissoras de TV evangelizadoras, mas a bem da
verdades muitos deles mantêm no ar programas que vão contra os princípios
Bíblicos. Programação esta cheia de novelas com cenas apelativas, imorais,
programas de entretenimento com mulheres semi-nuas e que defendem práticas
anti-Deus.
O povo evangélico precisa aprender a pensar e agir politicamente, pensar e agir
politicamente é esta envolvido e preocupado com questões da sociedade atual,
com o uso do dinheiro público, quando falo de dinheiro público não estou me
referindo só a dinheiro que é administrado pelos poderes governamentais, mas ao
dinheiro que também então em nossas Igrejas, pois é também um bem da
comunidade.
Pr. Clécio Uchoa
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